O sentimento é universal. As cautelas e receios gerais.
Seriam umas férias de sonho. Tínhamos comprada a estadia (desde junho do ano passado) tínhamos os bilhetes de avião comprados, até os acessos ao Coliseu de Roma, Museus do Vaticano e Catedral de S. Pedro.
O que se está a passar no mundo não permite nem o choro. É como se tivessem anestesiado o coletivo e nem nos apercebamos bem como chegamos aqui.
Parece que já trabalhamos, a partir de casa, desde sempre; os miúdos sempre tiveram aulas em casa. Sempre fizemos fila para entrar ordenadamente no supermercado e sempre tivemos o hábito de mandar vir as compras online com 2 semanas de antecedência.
Almoços e jantares sempre a sair, lavar as mãos de hora a hora e pedir a Deus para que ninguém se magoe nas proporções que obrigam a visitar o hospital.
Desde que soubemos que a pandemia entrou pela Itália dentro, tenho lido o Corriere della Sera todos os dias. Primeiro para me inteirar do fenómeno no meu suposto destino de férias este verão, acreditando que, até junho ia passar e, depois, para perceber o que se passa no olho do furacão. E, acrescento, ficar feliz depois por estar em Portugal.
No entanto, quero muito acreditar que coisas boas virão deste momento a história:
- talvez esta seja a nossa 3ª Guerra Mundial: com muitas perdas, mas sem ser abertamente em conflito uns com os outros;
- os populismos serão escusados: estamos todos no mesmo barco e num precisamos tanto de nos ajudar como agora. Não é fácil tornar o outro inimigo quando definhamos todos à conta de um vírus;
- o jornalismo, espero, será novamente encarado como fundamental e imprescindível num era de partilha constante de falsas e maliciosas informações;
- os valores fundamentais persistirão apesar de o consumismo, o egoísmo e o individualismo estarem sempre à espera de adquirir o protagonismo;
- a solidariedade prevalecerá.
Mais do que tudo vai ficar bem, penso sempre que … as férias virão.